Microcosmos de Culturas Projectado na dupla perspectiva de ser um lugar para um
acontecimento efémero por excelência e, na perspectiva da articulação da realização
da Exposição com a reabilitação urbana, um futuro centro urbano metropolitano, o
Recinto onde decorreu a EXPO98 possui uma frente ribeirinha com cerca de 2 km de
extensão, que acabou por ultrapassar os 70 hectares.

Tratou-se de um Recinto vedado, que abria as suas portas
às 09:00 e encerrava às 03:00, com excepção (a partir do primeiro mês de Exposição)
das quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, em que encerrava às 05:00.
Concebido essencialmente para a circulação pedonal, o
desenho do Recinto assentou nas ideias chave de uma estrutura urbana que fosse facilmente
memorizável pelos visitantes, numa referência forte ao tema da Exposição e numa imagem
articulada para toda a Exposição, em que as diferentes arquitecturas fossem integradas
num discurso coerente.
Assim, existem dois eixos ortogonais, um na
direcção norte-sul, coincidente com a Alameda, nos extremos dos quais se localizavam as
Portas do Norte e do Mar (actual Porta Sul), e o outro, que passa pela Estação do
Oriente, na direcção nascente-poente, que tinha como extremos as Portas do Sol (actual
Centro Vasco da Gama) e do Tejo.
Para além dos Pavilhões Temáticos, que desenvolviam o
tema da Exposição e que se distribuiam na zona central do Recinto, existiam os
pavilhões dos diversos participantes, agrupados em cinco áreas: Internacional Norte,
Internacional Sul, Organizações Internacionais, Organizações Nacionais e Empresas. A
Área Internacional Norte deu lugar às novas instalações da FIL. Parte das áreas
mencionadas encontram-se em processo de demolição, para dar origem a outros edifícios.
Existiram também no Recinto espaços de lazer e animação
cultural, zonas de restauração e espaços comerciais, serviços públicos, bem como
diversos serviços de apoio ao visitante.
A água constituiu o elemento chave da EXPO98,
assumindo funções lúdicas e estéticas, manifestando-se em jogos de água, fontes e
lagos, integrados em alamedas, largos, jardins e até ao nível do pavimento, como se de
espelhos se tratassem.
Pavilhões e Áreas Temáticas
- Exibição Náutica
- Jardins de Água
- Jardins Garcia de Orta
- Pavilhão do Conhecimento dos Mares
- Pavilhão do Futuro
- Pavilhão dos Oceanos
- Pavilhão de Portugal
- Pavilhão da Realidade Virtual
- Pavilhão da Utopia
Exposições
Por iniciativa de algumas empresas e instituições, a
EXPO98 contou com quatro exposições de carácter permanente.
As Conchas e o Homem
A participação da Shell Portuguesa na EXPO 98 incluiu uma
exposição dedicada ao tema das conchas, promovida com o objectivo de mostrar ao público
aspectos relevantes dos moluscos e da sua relação com o homem. A apresentação das
conchas foi completada pela exibição de um vídeo onde era privilegiada a relação das
conchas com o homem, quer como fonte de inspiração artística, quer como símbolo
religioso ou moeda de troca. Também a contribuição dos cientistas portugueses no campo
da malacologia foi focada nesta exposição, que esteve patente ao público no Edifício
de Apoio da Área Internacional Norte. Para a realização desta exposição, a Shell
contou com o apoio científico do Centro Português de Actividades Subaquáticas, através
do Departamento de Malacologia, dirigido pela Dra. Maria Cândida Macedo, de cuja
colecção pessoal proveio a quase totalidade das conchas que estiveram expostas.
Caminhos da Porcelana
Nesta exposição promovida pela Fundação Oriente, estiveram expostas
porcelanas chinesas que vieram para Portugal entre o séc. XVI e o séc. XX. A exposição
"Caminhos da Porcelana" reportou-se à viagem destas peças entre o Extremo
Oriente e as cortes europeias, os salões nobres ou as casas dos burgueses endinheirados.
Para a realização da exposição, que estava localizada no Pavilhão de Exposições,
recorreu-se a exemplares da Fundação Oriente e a colecções particulares, generosamente
emprestadas pelos proprietários.
Mundo Coca-Cola
Esta exposição, que podia ser visitada no Edifício de Apoio da Área
Internacional Norte, englobou 40 esculturas, de 1 a 3 metros de altura, concebidas por
artistas de vários países e inspiradas na conhecida forma Contour das garrafas
Coca-Cola. Portugal marcou presença com uma garrafa de 2 m de altura, inspirada nos
azulejos tradicionais e reunindo 450 motivos diferentes, criada por um grupo de finalistas
do curso de Design da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Na EXPO'98 alguns países
apresentaram pela primeira vez as suas garrafas, como foi o caso da Suíça, Finlândia,
Venezuela e Polónia.
Leonardo Da Vinci@expo98 - La Dinamica Dell' Acqua
Uma obra única foi dada a conhecer ao público pela MICROSOFT,
Patrocinadora e Marca Oficial da EXPO'98, nesta exposição que esteve patente no
Pavilhão de Exposições: o Códice de Leicester, um dos livros de apontamentos de
Leonardo Da Vinci, cientista, artista e filósofo italiano do séc. XVI. O Códice terá
sido escrito entre 1506 e 1510, depois de Da Vinci, na altura com cerca de 50 anos de
idade, ter pintado o seu famoso quadro "Mona Lisa". Os apontamentos versam temas
como o estudo da água, da luz e da gravidade. Depois da morte do autor, o Códice esteve
desaparecido, tendo sido encontrado em 1960 pelo pintor Giuseppe Ghezzi, na arca de um
escultor milanês. Em 1717 foi vendido ao Conde de Leicester, tendo permanecido na posse
desta casa nobre até 1980. Antes de ter sido adquirido por Bill Gates, em 1994, fora
adquirido pelo magnata do petróleo Armand Hammer.
Portas
O Recinto tinha quatro portas de entrada
para o público: portas do Norte, do Mar, do Sol e do Tejo. Por estas quatro portas foram
contabilizadas 10 128 204 visitas.
Porta do Norte
Situada no extremo Norte do Recinto, esta
porta servia maioritariamente os visitantes que se deslocavam em viatura própria. Da
autoria do arquitecto Manuel Tainha, a Porta do Norte dispõe de uma frente a toda a
largura da Alameda, com um vão de cerca de 43m de frente, por 12 de profundidade e 2.7m
de altura. Nesta porta existiam bilheteiras assistidas e automáticas, junto às quais
funcionavam os torniquetes de entrada. Uma vez transpostos os torniquetes, os visitantes
dispunham, na Praça da Porta, de uma zona de serviços que incluia, entre outros,
Informações, Polícia, WC, Sala de Apoio a Bebés, Objectos Perdidos, Pessoas Perdidas e
Depósito de Bagagens.
Porta do Mar
Da autoria dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, e tendo
como ex-libris a Torre da Petrogal, esta porta acolheu sobretudo os utilizadores de
autocarros de turismo que estacionavam nos parques sul. A Porta do Mar estava também
dotada de bilheteiras assistidas e automáticas, junto aos torniquetes de entrada. Para
além dos serviços existentes nas outras portas, dispunha de um serviço de Atendimento a
Grupos.
Porta do Sol
Quase 50% do número de visitas
contabilizadas pelas quatro portas, corresponde a entradas pela Porta do Sol. Da autoria
do arquitecto Daciano Costa, esta porta ocupava uma posição central no Recinto e destinava-se
sobretudo a receber aqueles que utilizavam as redes de transportes públicos com destino
à Estação do Oriente, junto da qual estava localizada. Dispunha também, em maior
número, de bilheteiras assistidas e manuais, junto dos torniquetes de entrada. Para além
dos serviços ao visitante existentes nas outras portas, aqui também ficavam localizados
o Espaço Criança, uma Unidade Médica de Primeiros Socorros e uma galeria comercial com
900 m2.
Porta do Tejo
Esta porta, da autoria da arquitecta Lívia Tirone, assegurou o acesso dos
visitantes transportados nas carreiras de barco. Situada na Doca, no enfiamento do eixo
Nascente-Poente que atravessa o Recinto até à Estação do Oriente, dispunha de
serviços ao visitante, bem como de bilheteiras junto aos torniquetes. |